Eu, amante da sétima arte, desde criança, vibrava na frente da telona, assistindo aos filmes campeões de bilheteria: os Trapalhões, Indiana Jones, Karatê Kid, dentre tantos outros. Nessa época, formavam-se filas enormes nas portas dos cinemas de todo Brasil. Hoje, com quase 34 anos de idade, não perco uma estreia, mas vejo como uma ida ao cinema mudou de uns anos para cá. Atualmente, temos salas confortáveis, filmes exibidos em três dimensões, som e imagem de última geração. Mesmo com tanta modernidade, com todas as parafernálias tecnológicas, sinto saudades das sessões de cinema de antigamente. Naquele tempo, havia mais respeito entre as pessoas. Observando o comportamento do freqüentador de cinema da Natal de hoje, conclui que ir ao cinema agora não é tão agradável com era antes.
Antigamente, a compra do ingresso era feita na bilheteria. Atualmente, faz-se via Internet, nos guichês eletrônicos, pagando com cartão de crédito e/ou débito ou mesmo nas famosas cobrinhas, isto é, filas. Antigamente, na entrada, a fila era organizada sem distinção de classe, de cor ou de gênero, mas respeitava-se o idoso e o portador de necessidade especial voluntariamente, não por temor a um estatuto ou à lei. Hoje, a fila continua e existe sempre um espertinho querendo furá-la, desrespeitando até os que estão amparados por leis.
Entrando na sala, tínhamos o direito de escolher o lugar onde queríamos sentar. Eu gostava de ficar preferencialmente no centro. Atualmente, existe a figura do famoso “guardador de lugares”. Pois é, até no cinema tem essas figuras. Elas chegam ao absurdo de “guardar” uma fila inteira para a sua galera, que chega em cima da hora, fazendo muitas vezes um barulho infernal. Antes, durante a exibição do filme, havia silêncio. Comentários? Só bem baixinhos, no pé do ouvido, para não incomodar o vizinho.
Atualmente, o que se vê é muita conversa, risadas e gargalhadas. Há também os que vão apenas discutir a relação de namorados ou “ficantes”. Imagino que não tenham um lugar mais apropriado para essa discussão, assim como não tenho mais hoje em dia o lugar adequado para a minha sessão de cinema.
Antigamente, no final da sessão, aplaudíamos para mostrar o quanto tínhamos gostado do filme. Hoje, muitos nem se dão conta de que o filme acabou, porque nem perceberam que havia começado. Na saída, é um Deus nos acuda. Um empurra-empurra, uma confusão e uma falta de educação que assusta. Na saída, geralmente, há ainda uma promotora de vendas distribuindo panfletos, mas você nem consegue ler, pois a vista está turva e a mente confusa com tanta tolice que viu e ouviu. Por tudo isso, acho que ir ao cinema hoje já não é mais tão agradável como era antes.
Sou obrigado a reconhecer que ainda não damos o devido valor a essa arte, nem compreendemos o valor dela para a nossa formação humana. Não aprendemos talvez aquilo que André Breton artista plástico, dizia ”É nos cinemas que se realiza o único mistério totalmente moderno”.
Williams Ferreira Alves, 34 anos profissional da área de tecnologia e telecomunicações, discente do curso técnico em Comércio do IFRN campus Natal zona norte e aluno do curso técnico em telecomunicações do SENAI/RN. |
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