sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Rio de janeiro salvará o rio Pitimbú?

Desde a semana passada quando a BR101 caiu na passagem sobre o Rio Pitimbu que as notícias sobre degradação daquele ecossistema não param de pontuar nos meios de comunicação local.
Parece que tive um “dejavu”, que é aquela sensação de já ter vivido isso antes...
É, mas vivi sim, e todos nós, Natalenses e Parnamirinenses, vivemos!
Trata-se que aquele mesmo trecho da BR101 já havia caído há alguns poucos anos atrás, mas parece que a nova queda em 2011 foi um fato inédito. É , parece, porque no ano em que caiu pela primeira vez os meios de comunicação comportaram-se da mesma maneira e as autoridades infelizmente também! Os meios de comunicação fizeram seu papel, mas as autoridades não!
A BR 101 foi recuperada, os veículos voltaram a circular e o problema do meio ambiente ficou esquecido até voltar para a pista novamente em 2011.
A pergunta que me faço é: Quantas vezes isso vai acontecer?
Durante toda a minha infância transitei por aquele trecho de BR indo para Nísia Floresta, sempre que passava lá me chamava atenção que antes de existir um condomínio de luxo às suas margens o rio Pitimbu tinha uma duna intacta que lembrava o desenho do morro do careca, sempre ela esteve ali e nunca houve problema desse porte até que um “gênio do meio ambiente” concedeu uma licença ambiental discutível para que o tal condomínio fosse erguido. A impermeabilização do solo e a forma como a água de chuva foi projetada no empreendimento cria sempre que chove uma correnteza acima da duna o que arrasta a areia para dentro do rio e remove areia do aterro da BR 101.
Alguma autoridade de plantão, provavelmente do Ministério público, deu conta da agressão e embargou, e segurou o adiantamento das obras agressoras. Mas o dano já estava instalado permanentemente! ( por isso o fato se repete).
A queda da BR 101 é o que podemos ver, mas o assunto principal não deveria ser a BR mas, na verdade deveria ser o rio, a agressão ao rio através da concessão da “licença ambiental discutível” criou o problema!
Ao que parece, para as autoridades, o assunto “importante” é o buraco na BR 101 que atrapalha o transito, isso é tão importante que até o ministro dos transportes veio ver!
Milhares de veículos passam ali por dia, dormentes da tragédia que se adianta, os políticos são os mesmos, só muda a eleição e o cargo que vão ocupar, ficam cada dia mais poderosos, mais imponentes e o rio morre.
Parece que a falta de continuidade administrativa do Poder executivo permite que, a cada mandato, “Gênios” politicamente indicados para os órgão do meio ambiente, em todas as esferas de poder, lembrem-se de seus problemas pessoais e políticos, seus cargos de confiança, sua gratificação, seu poder e esqueçam-se do meio ambiente que embora no “meio”, seja colocado no “canto”!
Os jornais nacionais no início do ano de 2011 alardearam a tragédia das serras do Rio de Janeiro, tragédia ambiental que atingiu um número quase milhar de pessoas, foi imprevisto e inesperado. Tal episódio tem em suas etapas de desencadeamento os mesmo princípios e fatores que hoje atingem o rio Pitimbu: Chuva, degradação ambiental, descaso dos poderes públicos, falta de fiscalização e planejamento, e impacto social catastrófico.
Imagine que chegará o dia (o que não está longe, pois a água de Natal está contaminada por nitratos), que será dado o golpe de misericórdia e o rio Pitimbu em fim será definitivamente impróprio para abastecimento humano.
O que será de nós?
Teremos finalmente a tragédia do “nosso rio Pitimbú ou do Rio Grande do Norte?
Os que podem, vão tomar água mineral, mais cara que a da CAERN e limitada àqueles que tem poder aquisitivo para a comprar.
E os que não tem dinheiro,serão nossa vítimas em potencial ?
Talvez não necessite de Helicópteros para salvar as nossa vítimas, mas seria bom cobrarmos das autoridades providências urgentes para que caiam na real com a queda da BR antes que sejamos vítimas da tragédia em nosso próprio rio!

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Jefferson Cavalcante Ferreira, é professor da área de Gestão e Negócios. Leciona disciplinas relacionadas à administração de empresas

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